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sexta-feira, 24 de abril de 2009
quarta-feira, 15 de abril de 2009
MUDANÇA NO BANCO DO BRASIL COMO MEDIDA DE ENFRENTAMENTO
Esta semana foi marcada pela troca inesperada da presidência do Banco do
Brasil. O que significa esta mudança e qual a razão do desespero dos representantes do
setor financeiro?
A queda de braço no PT, ou melhor, no Governo Lula teve início com a
famigerada “Carta ao Povo Brasileiro”, que precedeu e assegurou a eleição do
presidente Lula. Antes mesmo das eleições presidenciais, o campo conservador, que
defende o fortalecimento do mercado financeiro e da liberdade e autonomia do Banco
Central, conquistou o comando político do Governo Lula. Os bons ventos do oriente e
da “bolha” imobiliária norte americana propiciaram a consolidação desse grupo e o
sucesso da política econômico-financeira do Governo. O céu de brigadeiro e o vôo de
águia prevaleceram em detrimento das turbulências e do vôo de galinha do governo
anterior, leia-se FHC, inimigo e a obsessão maior de Lula e do PT. A liberdade e
autonomia do Banco Central, neste clima favorável, possibilitaram aumentos
extraordinários de dividendos para acionistas e banqueiros deste país.
“No meio do caminho há uma pedra...”. Pois bem, o (im)previsível aconteceu às
17 horas e trinta e três minutos, do dia 1º. de outubro de 2008, para aqueles que ainda
vêem a Economia como uma Ciência Exata. A quebra do setor imobiliário norte
americano começou a impactar no Brasil, até então blindado pelas vitoriosas e
lucrativas políticas do Banco Central. Chegamos a ouvir que fomos os últimos a sentir a
crise e, que ela veio tão fraca, que seríamos o primeiro país a dela sair, com apenas
alguns arranhões.
Mas o tempo, “compositor de destinos, tambor de todos os ritmos”, tratou de
desmistificar a exatidão da Ciência Econômica e veio desblindando ou jogando por terra
a falácia do impacto de marola na economia brasileira.
Agora a coisa é séria, depois dos recordes de popularidade do Governo e do
próprio Presidente Lula, os números começam a desabarem e alguma coisa precisa ser
feita. Saem de cena aqueles conservadores citados acima, chega a hora de por fim na
liberdade e autonomia e fazer aquilo que de fato o mercado não consegue fazer, como
rezam os mais elementares manuais de Economia: a necessidade da atuação do setor
público, o Estado, prende-se à constatação de que o sistema de preços não consegue
cumprir adequadamente algumas tarefas ou funções. Ou seja, sai de campo os tão
aplaudidos Neoliberais e entram os odiados Keynesianos. Bem claro: aplaudidos e
odiados por uns e vice e versa por outros. Briga ideológica de Capitalistas grandes:
mercado versus Estado.
Na prática, o Governo Lula está sacando o presidente do Banco do Brasil, ligado
aos princípios da Carta ao Povo Brasileiro, que defende as altas taxas de juros, para
combater a inflação e, colocando outro, que também defende a Carta, porém
preocupado com o desenvolvimento econômico. Isto mesmo: a Carta, de 22 de junho de
2002, joga dos dois lados: de um lado para defender e beneficiar o mercado financeiro e
do outro para crescer e defender uma parcela maior da população. O plano B, que
também faz parte dos princípios de governo da dita Carta, está sendo colocado em
prática; quem leu viu.
1 Economista, Especialista em Política Econômica, Mestre em Ciências Sociais cursados na Puc Minas,
Analista de Gestão de Políticas Públicas da SEDESE/MG e professor da FACED Divinópolis. E-mail:
É exatamente por isto que o chororó daqueles que sempre ganharam, mercado
financeiro e banqueiros, ganhou a mídia: isto é um absurdo, estão tirando a liberdade e
autonomia do Banco Central (que foi quem mudou os caminhos do Banco do Brasil e o
colocou como o mais lucrativo dos bancos em 2008, rendendo dividendos e mais
dividendos).
Mais do que isto, a mudança de presidente do Banco do Brasil pretende reduzir
concretamente os juros brasileiros, os maiores juros do mundo, através da competição
entre Bancos. O Estado quer a redução dos juros, para facilitar financiamentos e
minorar os efeitos da crise, mas os Bancos Brasileiros, cartelizados que são, não acham
esta intervenção interessante, pois seus ganhos (spread) históricos serão
automaticamente reduzidos.
A crise parece que está de fato só começando. É a confirmação de que a
Economia não é mesmo uma Ciência Exata. Qualquer previsão, por mais cálculos que
se faça, não passa de especulação. No interior do país as rescisões trabalhistas não
param de aumentar e mais setores da economia são afetados. As seguidas quedas nas
receitas públicas municipais amedrontam os recém empossados prefeitos. O Governo
Federal sabe muito bem o que está acontecendo e procura, desesperadamente, adotar
medidas para evitar o mal maior. As altas taxas de juros praticadas aqui no Brasil,
voltadas exclusivamente para o mercado financeiro, cumpriram sua função e, precisam
agora, mais do que nunca, mudar de direção e salvar o nosso povo, que é o seu
verdadeiro papel. A Economia tem que estar a serviço da sociedade e não,
exclusivamente, para assegurar os exorbitantes e emblemáticos lucros dos bancos.
A surpreendente mudança da presidência do Banco do Brasil significa que o
Presidente da República, legalmente, ainda detém o controle sobre a Política Econômica
do país. E, como podemos observar, o que a história sempre nos mostrou, o mercado
não sabe se defender de crises. O mais forte é que, espertamente, tira proveito dele. Por
isto é que cabe ao Estado, acabar com esta esperteza e proteger o seu povo, que é a sua
razão de ser
A Economia Brasileira precisa crescer para enfrentar os impactos decorrentes da
crise mundial. A redução das taxas de juros, a partir da ação dos bancos controlados
pelo Estado, é uma das estratégias conseqüentes e inadiáveis para este enfretamento.